quarta-feira, 26 de novembro de 2008

São sonhos e saudades...

E toda vez que se volta de casa é a mesma sensação de querer ficar. É a mesma vontade de não deixar, de voltar, de não acabar.

Engraçado como as coisas se transformam com o tempo, até mesmo nossos objetivos, metas, jeito e gostos.

Me lembro de ter frio na barriga de ansiedade quando o assunto era minha faculdade em São Paulo, a ansiedade por morar sozinha, ter meu espaço, minha responsabilidade e independência. Hoje, tenho tudo isso e mais um pouco... tenho contas empilhadas em meu criado-mudo, tenho lista de produtos de limpeza para limpar o banheiro, tenho preocupação com o que farei de jantar para mim mesma, tenho horários para cumprir sozinha, tenho que lembrar no meio do meu atribulado dia de marcar o meu oculista já que minha vista anda embaçada, tenho que lavar a roupa que pretendo trabalhar no final da semana, tenho que ir à faculdade, passar nas matérias e por aí vai!

Como as coisas mudam!!!

Que saudades do almoço pronto quando eu chegava do colégio, que saudades de me preocupar somente com a prova de física, que saudades de ter como conta só a dívida da cantina.... Que saudades!

A nossa felicidade se molda em cima do nosso cotidiano que aponta para um determinado objetivo, sempre! Você vive em cima daquilo que sonha, daquilo que almeja. Você é feliz à partir do momento em que você corre atrás do seu objetivo, e mesmo que não o alcance, fica feliz pelo simples fato de ter tentado.

Hoje todos os meus sonhos (acreditem: todos mesmo), foram realizados. Tudo aquilo que sonhei desde os 14, 15 anos aconteceu. Junto com isso, junto com meus desejos realizados vieram centenas de decepções. Houveram decepções no trabalho, na cidade, nas pessoas e até em mim mesma.

Mas isso não me entristeceu, pelo contrário, me fortaleceu.

Hoje meus sonhos se modificaram junto com a minha idade e maturidade. Sonhos mais realistas e menos emocionais, sonhos mais plausíveis e possíveis. Sonhos sem contos de fadas, mas que me cedem o gostoso sabor da esperança para enfrentar um novo e atarefado dia. Porque se não for assim, não há felicidade.

A saudade, e a ida para o antigo lar, se tornam um refúgio para aquela que aparenta fortaleza. Junto ao passado é aonde renovamos forças para moldar nosso futuro. Lá é o local aonde se reaproveita o bom do que passou e o modifica para adequar no que vai acontecer. É lá onde se encontra pessoas queridas que te relembram quem você é, da onde você veio e porque é assim. É lá onde ficam aqueles que te oferecem suporte, carinho e proteção. É lá onde há o melhor ombro amigo e o melhor colo.
É lá da onde vim e para onde sempre irei quando precisar refletir e revigorar.

Minha vida se baseia naquilo que amo, naquilo que gosto e naquilo que sinto saudades. É com isso que monto meu quadro de metas, de sonhos. O foco hoje já não está mais em mim, mas sim naqueles que me tornaram quem eu sou. Que me moldaram e que me ajudaram, mesmo que indiretamente, a realizar todos meus objetivos.
Hoje é a eles que dedico meus dias, que traço meu caminho, que planejo o futuro. Hoje é para eles que dedico minhas saudades e que peço a felicidade.
Hoje é a eles que eu agradeço e que dedico o meu sucesso, mesmo que morrendo de saudades e de vontade de ficar eu vou voltar, lutar e fazer, mas dessa vez para surpreender a essas pessoas que sempre me fizeram engrandecer.

Os meus sonhos são grandes e meu caminho longo, espero que isso seja suficiente para mais uma vez vencer e dar a quem eu gosto tudo aquilo de mais bonito, tudo aquilo de mais singelo, enfim, aquilo que sonhei.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

"E de tristeza vou viver, pois aquele adeus não pude dar"

Ainda me lembro no dia em que eu a vi pela primeira vez. Era tão branca que eu me lembro da minha mãe dizer que seria fácil de encardir, era tão pequena que as roupinhas não conseguiam se segurar em seu corpinho. Tinha uma simpatia que me encantou e na hora, eu nem me lembrei que a cor da raça que eu havia pedido normalmente era cinza, preta e até mesmo loira, assim como eu.

Não me importava sua cor branca como a neve, me importava que enfim minha companhia havia chegado. O nome já estava escolhido há pelo menos seis meses, desde quando eu havia planejado sua chegada. E quando eu a vi, nem hesitei em mudar, era a carinha dela.

Baby. Era assim que a partir daquele dia, véspera de natal de 1996, nós iríamos chamar aquela que se tornou a melhor companhia de todos os tempos.

Não me importava o que diziam dela, tudo bem que o seu humor não era dos melhores, e tudo bem, eu admito, que nem a aparência. Mas ela era nossa, era seguidora da minha mãe, que no final acabou sendo mais dona do que eu que havia ganhado de presente, era aquela que uivava comigo, que sentava no topo da pilha de almofadas em cima do sofá vermelho, era quem quase falava de alegria quando alguém chegava, era aquela que gostava de dormir entre nossas pernas e que por isso ganhava diversos empurrões durante a noite. Era amiga e pelo simples fato de sabermos que sempre estaria ali quando chegássemos, nunca demos o valor que merecia.

Era a única que não abandonava, que ficava ao lado quando o frango era o prato do dia, que estava velhinha, mas sadia para sua idade.

Era ela, simplesmente ela. Não tem palavras que explique meu amor, nem a falta que ela faz, muito menos que explique a dor que estou sentindo.

Não importa se para a maioria ela era apenas uma cachorra, me importa que ela era minha irmã, filha também da minha mãe e única desde meus oito anos. Me importa lembrar seu companheirismo e lamentar sua ausência. Me importa pedir que descanse em paz e que continue sendo feliz aonde seja que estiver.

De agora em diante, chegar em casa não será tão completo como costumava ser, ficar em casa sozinha será sinônimo de solidão...
Então nada mais posso fazer a não ser dedicar a essa grande amiga todo meu sentimento e gratidão, por ter dedicado inteiramente todos seus minutos em nos seguir, amar, ou até mesmo exigir nossa atenção.

Apenas obrigada amiga, do fundo do meu coração.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Um minuto de mim mesma

Puxa, faz tanto tempo que eu não posto nada que os assuntos acabaram se acumulando.
Houve, nesse meio tempo, a vitória de Obama, que poderia render uma crônica, o recorde de eleitores americanos nas votações presidenciais de 2008 que poderia me dar um bom texto reflexivo, minha viagem para ver a família que poderia render grandes metáforas, encontros, reencontros e desencontros que poderiam me inspirar textos emocionais profundos... e por aí vai.

Mas, como ultimamente mal tenho tido tempo para cuidar das minhas 6598501 áfitas que apareceram do lado esquerdo da minha boca, os textos acabaram ficando para depois.

E hoje, para ser bem sincera, não me importa a visita do Obama à sua futura residência, não me importa as empresas norte-americanas que estão falindo (tudo bem vai, isso me importa um pouco), as férias coletivas que as grandes indústrias brasileiras estão dando aos seus funcionários (eu avisei que a crise viria), nem o encontro do G20 que acontecerá no sábado. Hoje eu estou me importando comigo.

Hoje estou me importando com tudo aquilo que sinto, tudo aquilo que na maioria das vezes eu subestimei em prol de outra pessoa, ou de outras pessoas. Hoje estou feliz por ter estado com meu pai no dia do aniversário dele, feliz por ter reencontrado meus amigos de infância, feliz por ter dado boas risadas com as duas mulheres mais importantes da minha vida: minha mãe e minha irmã.

Feliz pelo simples fato de viver intensamente, de fazer o que eu tenho vontade, de aproveitar todos os meus minutos.

Quando temos momentos como esses, descobrimos que não há companhia no mundo que seja melhor do que a nossa própria. O fato de você se sentir à vontade com você mesma, de se sentir completa e satisfeita com a própria felicidade não se compara à nenhuma outra felicidade no mundo!

Como essa descoberta me fez bem!

A ficha demora para cair um pouco, eu admito. Mas uma hora, percebemos realmente que nada é insubstituível – um hábito não é necessariamente, uma necessidade.

A vida passa rápido demais e nós acabamos não percebendo sua intensidade, sua alegria, e acabamos nem mesmo sentido sua tristeza. A profundidade dos sentimentos é aquilo que nos move, que nos alimenta. Não é justo viver assim, em vão... já dizia um amigo meu: Quem quase morre ainda está vivo, mas quem quase vive, já morreu!

Hoje é isso que eu tenho a lhes dizer!